quarta-feira, 15 de julho de 2009

Enfim a segunda aula

Enfim, enfim!! Os deuses dos ares, dos ventos e tempestades, Thor, Fujin, Boreas, Aeolus e os demais afinal se apiedaram deste mortal preso ao chão e permitiram meu vôo.

(Fotos no post abaixo deste.)

Assim ontem, dia 14 de julho às 11:00 pude fazer minha 2a aula. O briefing previa apenas mais aclimatação, com todas as operações efetuadas pelo instrutor.

O dia estava radiante, com o ar mais frio do inverno. Um verdadeiro espetáculo!! Eu fiz meu registro na Secretaria e fui direto inspecionar o Guri. Momento de contemplação muito agradável. Verifiquei os detalhes com calma, tirei as amostras de combustível dos dois tanques nas asas e também do circuito de entrada. Tudo estava OK. O instrutor chegou e entramos no avião.

Desta vez o motor pegou de primeira. Como seria o primeiro vôo do Guri no dia, deixamos o motor esquentar alguns minutos e prosseguimos com o táxi. O instrutor me informou sobre diversos detalhes da comunicação com a torre e o controle de solo. O táxi foi infinitamente mais tranqüilo que na 1a vez, nada como uma hora de prática.



Desta feita fomos para a pista 20, para decolar rumo 200, ou Sul (Sul certinho é 180) . O vento estava graciosamente alinhado com a pista e desta vez o instrutor me avisou formalmente que eu iria decolar o avião. Este procedimento é assim: Você leva o avião até o final da área de manobra dos hangares, num ponto onde a torre possa vê-lo. De lá você pede instruções para o táxi visando decolagem e informa o tipo de vôo e quantos estão no avião. O controle de solo informa as condições de tempo e qual a pista para decolagem. Liberado, leve o avião para a área de espera marcada por faixas no chão. Aí faça contato com a torre que o orientará sobre o procedimento.

Pois então alinhei o avião com a pista. Baixei um dente de flap. Suavemente acelerei o motor ao máximo, a barulheira e a trepidação aumentando um pouco a ansiedade e empolgação. O bichinho rapidamente chega aos 40 nós, quando puxei um pouco (muito pouco) o manche para aliviar o peso da bequilha. Algumas severas intervenções de pedal são necessárias. Aliás, como a velocidade ainda é baixa, deve-se exagerar mesmo no movimento senão nada acontece. Chegando a 60 nós, puxei o manche com suavidade, mantive a pressão e estava no ar, de novo sentindo aquele leve frio na barriga.

Então, uma surpresa. Ao olhar para os lados e dar uma checada geral, vi algo no mínimo inconveniente. A tampa do tanque da asa esquerda havia se soltado. Dava para ver o combustível borbulhando no tanque aberto. Só faltava passar um urubu fumante por nós e largar a guimba na asa! Avisei meu instrutor que me recomendou que levasse o avião para a esquerda iniciando padrão de pouso. Imediatamente entramos na perna do vento e nos dirigimos para o pouso. Estávamos a 1000 pés e fiz a curva para a perna base já com o motor no mínimo, em vôo planado, perdendo altitude sempre a 70 nós. Nada que não façamos no IL-2 com frequência! :) Mantendo a pista em vista, chequei a biruta, vento ainda alinhado, entrando na reta final. Tive que dar um motorzinho pois o avião estava ficando um pouco baixo. Eu não reparei mesmo, parecia ok, mas o cara deve ter a rampa de descida impressa no cérebro. Recuperei, e cortei o motor para o final. Dessa vez fiz tudo sozinho. Quando a pista foi chegando eu puxei o manche e fiz o avião planar rente ao chão. À medida que ele tendia a descer eu levantava um pouco mais o nariz, até que ele tocou no chão. Sem exagero, acho que se houvesse um copo d'água no avião não derramaria. Deve ter sido sorte de principiante ou então o instrutor tava bufando do meu lado pra ajudar no pouso e eu nem vi! :) Deixei o avião correr corrigindo furiosamente com o leme, testei os freios e já saí da pista para a área de espera.

Aí seguiu-se nova requisição de táxi para a torre e o retorno ao hangar. O instrutor saiu do avião, apertou a meleca da tampa, testou, ela saiu de novo, então o cara jogou mais duro e entortou a trava de tal jeito que não ia sair de forma alguma. Eu observei e aprendi! Essa tampa tá frita na minha mão da próxima vez.

Vale dizer que todo este processo foi realizado com a maior das calmas. Nem eu nem o instrutor sentimos a mais remota apreensão, ao menos aparentemente. De minha parte fiquei alerta, mas tranqüilo. Nestas ocasiões de necessidade eu costumo reajir com frieza e eficiência, graças a Deus. E não era caso sério mesmo. Imediatamente após o acerto da tampa fomos nós para nova decolagem e tudo correu bem.

Fizemos diversas manobras na direção do Recreio, sobre o mar, e de fato tudo foi ainda mais fácil que da primeira vez, apesar de haver bastante turbulência. Infelizmente não deu para batermos fotos ou fazermos um filminho como eu gostaria, mas fico devendo.

Tomei um leve puxão de orelha por usar pouco o compensador, tenho que me habituar com isso. É que nem parece que precisa...

No retorno havia um leve vento de través. Leme contra o vento e leve inclinação de asa para compensar... e mais um pouso de maciez incrível. Definitivamente parecido com o IL-2. Só que mais lento.

Um detalhe importante: Olhei muito menos os instrumentos que da 1a vez. Acho que rapidamente nos habituamos às referências visuais de horizonte. Para curvas de média inclinação já aprendi. Basta manter a tampa do tanque da asa alinhada com o horizonte! Essas coisas não constam do manual, aviso logo! :)

A todos, meu grande abraço. Até a próxima aula.



Um comentário:

  1. Grande Duda! Excelente, hein? Agora, cria uma página aí para os não iniciados com um glossário: "Bequilha", "Perna do vento", "Compensador"... tenho que admitir que tive que procurar um ou outro! =P

    Aguardo novidades - sem emergências dessa vez! - da terceira aula.

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